Meio Ambiente
Publicada em 07/11/2009
Por Cláudio Motta

RIO - O prefeito Eduardo Paes disse, na manhã deste sábado, durante o Viradão Esportivo, que pretende vincular a redução de ISS da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), em construção em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, à redução das emissões de dióxido de carbono (CO2).
Reportagem do GLOBO revelou, na sexta-feira, que a nova siderúrgica vai aumentar em 76,3% as emissões totais e multiplicar por 12 as emissões industriais de CO2 do município. O Ministério do Meio Ambiente e a Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Vereadores do Rio já informaram que vão exigir que a CSA adote uma série de medidas para compensar a emissão de até 9,7 milhões de toneladas de CO2 anuais, prevista para começar a ocorrer a partir de sua inauguração, em 2010.
Na sexta-feira, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, prometeu pressionar a companhia para buscar novas tecnologias de redução dos níveis de emissão e compensar ambientalmente o que não puder ser evitado.

CSA aumentará em 76% o lançamento de dióxido de carbono na atmosfera

O Rio de Janeiro vai aumentar em 76,3% a sua carga de gases de efeito estufa na atmosfera. A Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) - maior investimento do setor privado do país, que iniciará suas operações em 2010, em Santa Cruz, na Zona Oeste da cidade - produzirá 9,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano. O total de emissões da cidade, segundo o último inventário feito pela prefeitura do Rio, é apenas um pouco maior - 12,7 milhões. O valor representa mais de 12 vezes o total de emissões industriais desse gás no município e cerca de 14% do total de emissões do estado (incluindo todas as fontes), que atualmente gira em torno de 70 milhões de toneladas, segundo dados da Secretaria estadual do Ambiente (SEA). A notícia vem a público a exatos 30 dias da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague, cujo tema central são as soluções e metas para redução das emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa.

A questão é ainda mais complexa porque a legislação que regula o licenciamento ambiental não exige neutralização ou compensação para as emissões de carbono das indústrias. A CSA está trabalhando com o que há de mais moderno em equipamentos de siderurgia do mundo, o que reduz a média de emissões, mas, ainda assim, pelo tamanho da indústria, o volume emitido é grande.
Para tentar contornar o problema, a Secretaria estadual do Ambiente vai criar um programa para obrigar as indústrias a reduzirem gradualmente suas emissões.
- Vamos discutir com todos os setores da indústria, um a um, a começar pela siderurgia, as metas a serem alcançadas. Há caminhos de compensação de emissão, como a utilização de carvão vegetal, o plantio de árvores e o uso da escória da siderurgia na produção de cimento - diz a secretária do Ambiente, Marilene Ramos, que ainda não considera o aumento de emissões preocupante. - Como o Estado do Rio é historicamente pouco industrializado, a emissão ainda é muito baixa em relação aos outros estados mais industrializados, e ainda menor se compararmos a países ricos.
A conta da participação da CSA no total de emissões da cidade foi apresentada pelo vereador Alfredo Sirkis (PV). Ele vai propor emenda num projeto de lei de concessão de incentivos fiscais para a siderúrgica, que será votado na próxima terça-feira, exigindo a neutralização total das emissões de carbono.

Acordo amplo sobre o clima não deve sair de Copenhague
Por Peter Griffiths


LONDRES (Reuters) - É improvável que os governos cheguem a um acordo abrangendo todos os detalhes de um novo pacto global contra a mudança climática quando eles se encontrarem em Copenhague no mês que vem, afirmou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, na terça-feira.
Embora esteja otimista de que os 192 países serão capazes de chegar a algum tipo de acordo político, Ban advertiu que Copenhague não dará a última palavra para um sucessor do Protocolo de Kyoto, o documento patrocinado pela ONU que determina reduções nas emissões de carbono.
"Precisamos de vontade política porque se houver vontade política estou certo de que haverá uma maneira de concluirmos um acordo de caráter obrigatório em Copenhague", disse ele após se reunir com o premiê britânico, Gordon Brown, em Londres.
"Estou razoavelmente otimista de que Copenhague será um marco muito importante. Ao mesmo tempo, sendo realista, talvez não sejamos capazes de chegar aos finalmentes sobre os detalhes".
Em vez disso, os países deveriam ter como objetivo chegar a um acordo sobre quatro pontos: o nível dos cortes nas emissões dos países ricos; o que os países pobres pretendem fazer para reduzir suas emissões; o pacote financeiro para ajudar as nações em desenvolvimento a se adaptar e um sistema de gerenciamento do processo.


RICOS E POBRES DIVIDIDOS

As negociações sobre um novo tratado para cortar as emissões de gases-estufa numa tentativa de conter o aquecimento global têm vacilado repetidamente desde o seu lançamento, em 2007.
Países ricos e pobres estão divididos sobre como compartilhar os cortes nas emissões dos gases-estufa e sobre a quantia de dinheiro que os países em desenvolvimento precisam para se adaptar ao aquecimento global e como captá-lo.
Falando numa conferência sobre religião e ambiente nos arredores de Londres, Ban pediu que os países ricos tomem a iniciativa.
"Em primeiro lugar, os países desenvolvidos devem liderar essa campanha, considerando todas as responsabilidades históricas e também considerando que eles são os países que têm a maioria das capacidades - financeiras e tecnológicas", afirmou ele.
O fracasso em alcançar um acordo levará a mais falta de água, alimentos e de energia e colocará em perigo milhões de pessoas, principalmente nos países mais pobres.


Comentários